O que vem depois da fama e glória, depois que as luzes se apagam, depois que chega a velhice? Em Coração Louco acompanhamos aquela fase ingrata que a grande maioria dos artistas enfrenta: o esquecimento e decadência, piorados por uma vida de excessos e más escolhas.
Bad Blake (interpretado pelo ganhador do Oscar 2009 Jeff Bridges) é um músico country de 57 anos que, para se sustentar, toca seus antigos sucessos em boliches e pequenos bares, enquanto vê seu antigo pupilo Tommy Sweet (Colin Farrell) gozar de prestígio e notoriedade. Bad se arrasta de uma cidade para outra sem demonstrar interesse em nada além da bebida, até que conhece a escritora Jean Craddock (a também indicada ao Oscar Maggie Gyllenhaal), que acende uma centelha de vida no velho músico...
Quem assistiu a O Lutador certamente irá enxergar semelhanças entre os dois filmes, mas esse trabalho do diretor estreante Scott Cooper é mais convencional embora não deixe de ter seus méritos. Embalado por uma boa trilha country (a música também ganhou Oscar) o filme certamente encontra força em seus protagonistas.
Maggie Gyllenhaal como a afetuosa Jean, ganha um papel bem escrito e interpreta com suavidade e compreensão um tipo feminino geralmente ingrato: o da mulher que acredita que pode mudar um homem.
E Jeff Bridges é, sem dúvida, um prazer de assistir. Utilizando-se de todos os seus talentos musicais (é ele quem canta e toca no filme), consegue transmitir a apatia e fraquezas de Bad ao mesmo tempo que lhe confere um charme despretensioso, fazendo o personagem simpático, humano e completamente plausível como alguém que já foi, uma vez, um grande cantor.
O filme tem jeitão de cinebiografia musical, mas seu personagem não é real. Não seria de se admirar se achássemos que fosse, já que ele espelha nossos defeitos, nossa fragilidade e nossa tendência a insistir em erros.
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