Quando Ayrton Senna faleceu, aos 34 anos, em 01 de maio de 1994, eu era muito criança para compreender a importância do piloto para a Fórmula 1 e para uma geração de brasileiros que acompanharam suas conquistas. Na minha memória, ficou a tristeza que sua morte prematura causou a todos naquele ano, e em virtude disso sua figura assumiu contornos heróicos na minha mente, mesmo que não soubesse precisamente por quê.
O entendimento completo só chegou agora, através do documentário Senna (2010), produção britânica dirigida por Asif Kapadia e roteirizada por Manish Pandey, um entusiasta do esporte.
Feito inteiramente com imagens de arquivo, usando apenas o áudio de entrevistas para pontuar a narrativa, o filme concentra-se na carreira automobilística de Ayrton mostrando a habilidade e inteligência que o tornaram um dos grandes nomes do esporte.
Muito da pessoa cativante de Senna evidencia-se. Sua humildade, fé, perseverança e paixão pela F1 o tornam de fato alguém a se admirar, e como seu auge ocorreu numa época de turbulência política e econômica no Brasil, é fácil compreender como ele logo assumiu status de herói e se tornou um dos (poucos) motivos de orgulho do país.
Na mesma medida em que mostra o lado heróico de Senna - e ele teve momentos bastante heróicos - o longa não deixa de evidenciar seus defeitos ou mostrar o que ele tinha de mais humano e frágil, tornando sua trajetória mais interessante e o fatídico dia de sua morte no Grande Prêmio de San Marino ainda mais dramático.
E assim finalmente entendi completamente a tristeza que tomou uma nação há 16 anos, e agora compartilho conscientemente dessa admiração a Ayrton Senna, cuja vida e conquistas definitivamente merecem ser vistas (ou revistas) nesse documentário.